domingo, 28 de junho de 2015

O domingo e a tristeza


Conto:

O domingo e a tristeza

 

Autora: Rita Castro

 

O domingo para muitas pessoas é desolador, feio, angustiante, triste, depressivo e tantos outros adjetivos, que escreveria um texto inteirinho sobre eles.
Mas, aqui, quero trazer a história de uma mulher que analise sua curva de vida. Ela faz um relato dos seus domingos. E traça um paralelo dos domingos vividos em sua infância e  de tantos,outros, vividos por ela.
Maria, uma menina que sonhava com uma família linda e sempre tentou se inspirar em outras, para fazer de conta que a sua também tinha traços daquelas observadas por ela como perfeita. 
Em seu mundo, infantil, os domingos, também, foram para ela como para a maioria das pessoas, citadas no início do texto. Quando muito criança ela não entendia, quase nada. Mas sentia FALTAR algo, algo que não sabia onde buscar. Quando cresceu descobriu e presenciou umas faltas que até então não entendia. E essa descoberta lhe trouxe tormento para os seus domingos, apavoradores.
No domingo da sua infância observara, entre seus pais, brigas, reclamações e muita tristeza. No domingo, de vida adulta, sem perceber aqueles sintomas chegavam em seu ser de sobressaltos, e ela revivia, quase todos os seus domingos, com aqueles mesmos sentimentos e lembranças infantis, tristeza, brigas e solidão.
No seu domingo, infantil, a sua mãe chorava porque seu pai após chegar da feira não trazia as comidinhas preferidas dela. No domingo de Maria, em sua atualidade, ela também ficava triste por seu marido não lhe dar atenção que a mesma esperava. O marido de Maria tinha traços melancólicos e depressivos e por muitas vezes não aceitava bem a convivência social.  Ele continha em sua constituição psíquica, traços do pai de Maria. Quando ele ia ao supermercado insistia em não trazer as comidinhas prediletas dela. E isso a fazia sofrer.
Lá, tinha choro da mãe por não ser atendida em suas demandas e cá tinha choro pela mesma causa. Lá, tinha o desprezo porque seu pai era alcoólatra e se distanciava da família, evitando muita fala com a mesma. E cá, desespero por não receber, também a atenção desejada, pelo marido que escolheu casar.
O marido não era alcoólatra como o pai, mas se entrega a solidão individualizada e mórbida se insolando dele mesmo e do mundo, principalmente de Maria.
O domingo de Maria se tornou sombrio e permaneceu a mesma coisa por toda sua vida, cheio de sombras. Sombras, que ela não conseguiu ajustar, em seu tempo vivido. Maria não se sentiu acalentada pelos responsáveis (pais), enquanto crescia. E seus não tiveram a percepção do tempo que estava sendo levado pelo vento do sofrimento infantil. No domingo de do seu tempo atual, a sombra traz medo do desprezo existente em sua cabeça e percebida pela sua alma.
Ah! Domingo de sua infância, que não volta mais para concertar a estrutura cognitiva. Ah! E o domingo de antes da sua morte, também, se perdeu e não haverá mais concertos no futuro.
Um bom caso de estudo para os colegas psicanalistas, psicólogos e outras áreas afins. Quando escrevemos não temos o intenção de fechar o texto, por isso deixo, aqui, abertura para analises, critica e acréscimos, caso, queiram!

 

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