Sintoma e transferência!
Entender o sintoma e analisa-lo tem o sentido de valor de
verdade. É nisso que o que passou à consciência comum é mais preciso,
infelizmente, que não é a ideia que muitos psicanalistas vêm a ter disso. Digamos
que muito poucos deles sabem a equivalência entre sintoma e valor de verdade.
Isso no sentido da
palavra "sintoma" foi descoberto, denunciado, antes que a psicanálise
entrasse em jogo. Para traduzir o sintoma num valor de verdade, devemos pôr o
dedo, aqui, no que supõe de saber no analista o fato de que é preciso que seja
a partir do que sabe que ele interpreta.
Para abrir um parêntese aqui, assinalo que esse saber, no
analista, se assim posso me expressar, é pressuposto. Foi
isso que acentuei do sujeito suposto saber como fundador dos fenômenos
da transferência. Sempre sublinhei que isso não acarreta nenhuma certeza, no
sujeito analisando, de que seu analista saiba muita coisa, bem longe disso.
Mas é algo perfeitamente compatível com o fato de o saber
do analista ser visto pelo analisando como muito duvidoso, o que frequentemente
ocorre, aliás, por motivos bastante objetivos. Os analistas, em suma, nem
sempre sabem tanto quanto deveriam, pela simples razão de que, muitas vezes,
não se incomodam muito com isso. O que não altera absolutamente nada no fato de
que o saber é pressuposto na função do analista, e de que é nisso que repousam
os fenômenos de transferência.
Texto retirado do livro, Estou falando com as paredes
Conversas na Capela de Sainte-Anne.
LACAN, Jacques. Estou falando com as paredes Conversas na
Capela de Sainte-Anne
Tradução: Vera Ribeiro -Revisão técnica: Romildo do Rêgo
Barros. Rio de Janeiro,
ZAHAR. 2011.
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